Há diferença entre psicologia clínica e psicologia da saúde?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Acadêmicas: Meg Sachini, Shirlei Barni, Asta e Alessandra.


Hoje em dia há muitas linhas de pensamento em psicologia clínica, sendo uma delas a Psicanálise ( a psicologia analítica ). Uma das bases teóricas da psicanálise é o Complexo de Édipo, sendo que o mesmo se baseia num determinado período do desenvolvimento sexual da criança. Convido os leitores a compreender e se aprofundar mais neste assunto. Segue o resumo do livro “Complexo de Édipo – Freud e a multiplicidade edípica” e, em seguida, o glossário do mesmo.


Complexo de Édipo - Freud e a multiplicidade edípica
Por Chaim Samuel Ktaz

Chama-se Complexo de Édipo, um determinado período do desenvolvimento sexual da criança, aproximadamente aos três anos de idade, onde nessa fase ela volta seu desejo ao Outro, representado pelos pais do sexo oposto. Chaim Samuel Katz trabalhou o tema do complexo de Édipo, usando para tanto os textos de Freud a respeito e outras referências que lhe pareceram relevantes. O tema é considerado uma das bases fundamentais da psicanálise.
Na visão do autor, o complexo de Édipo atende a necessidade de esclarecer questionamentos a antropologia e a psicologia social dos tempos de Freud até hoje.
Chaim S. Katz debate a questão de saber o peso das circunstâncias histórico culturais na determinação de “sentir e fazeres” de Édipo, ele também se pergunta se existiria um inconsciente universal que determina os humanos da mesma maneira em todas as épocas, respondendo que o complexo edípico existe, mas que se organiza de modo diferente em cada grupo ou sociedade, de acordo com Katz, Young influenciou diretamente Freud, levando Freud a impor a categoria de complexo.
Young e Freud discordaram em um ponto, para Young o “Édipo” é uma variante de uma manifestação arquetípica dos complexos, um caso particular, para Freud é o conceito que funda a especificidade dos humanos e suas relações mais importantes, ele sempre afirmou que os indivíduos se constituem de uma maneira única, de ordem sexual, que se manifesta de modo continuo.
Entendendo que a intuição é uma fala direta sobre a realidade, sem mediação necessária, segundo Freud, só com a emergência do complexo de Édipo é que as relações se farão discurso, pois é o discurso edípico que fundará tais relações como termos permutáveis, pois em Freud a intuição é desde sedo desejante, o corpo infantil inteiro é fonte de expressividade e ação, a necessidade da vida, a sexualidade é continua, mas dispersa, e o complexo de Édipo é descontinuo, as experiências sensíveis antecederiam o complexo de Édipo, mas se destinariam a constituí-lo.
Chaim Katz valoriza a dimensão do corpo na psicanálise, e afirma que ações corporais são manifestações de movimentos afetivos.
O autor conclui, que para constituir se o ser humano e fazer parte da vida social sob as restrições impostas pelo complexo de Édipo, é preciso, portanto, que dons naturais e da fortuna possuam um pouco de culpa e vergonha.

Glossário:


Complexo de Édipo: “O Complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo aposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. O complexo de Édipo aparece entre os 3 e aos 5 anos. Seu declínio marca a entrada num período chamado latência, e sua resolução após a puberdade concretiza-se num novo tipo de escolha de objeto.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.166)

Édipo: “A mitologia conta que Édipo, salvo da morte que o rei lhe queria dar, quando criança, cresceu na ignorância de quem eram seus pais. Numa encruzilhada, trucida um homem de idade cuja identidade ignora. Uma de suas proezas foi ter decifrado o enigma da esfinge, pelo que os cidadãos de Tebas lhe oferecem o trono da cidade e a mão da rainha viúva, a quem Édipo desposa, Jocasta. Quando vem a saber que o homem a quem matou na estrada era seu pai e que a rainha era sua mãe, Édipo cega-se a si mesmo.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p. 86)

Recalque: “Para Sigmund Freud, o recalque designa o processo que visa a manter no inconsciente todas as idéias e representações ligadas às pulsões e cuja realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do funcionamento psicológico do indivíduo, transformando-se em fonte de desprazer.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.647)

Ideal do eu: “Sigmund Freud utilizou essa expressão para designar o modelo de referência do eu, simultaneamente substituto do narcisismo perdido da infância e produto da identificação com as figuras parentais e seus substitutos sociais. No Brasil também se usa “ideal do ego”.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.362)

Inconsciente: “ Em psicanálise, o inconsciente é um lugar desconhecido pela consciência: “uma outra cena”. Na primeira tópica elaborada por Freud, trata-se de uma instância ou um sistema(Ics) constituído por conteúdos recalcados que escapam às outras instâncias, o pré-consciente e consciente(Pcs-Cs). Na segunda tópica, deixa de ser uma instância, passando a servir para qualificar o isso e, em grande parte, o eu e o supereu.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998,p.374). Para Sigmund Freud, “o inconsciente é a verdadeira realidade psíquica, em sua natureza mais íntima, é tão desconhecido de nós quanto a realidade do mundo externo e é tão incompletamente apresentado pelos dados da consciência quanto o mundo externo pelas comunicações de nossos órgãos sensoriais.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.153)

Incesto: “ Chama-se incesto a uma relação sexual, sem coerção nem violação, entre parentes consangüíneos ou afins adultos, no grau proibido pela lei que caracteriza cada sociedade: em geral, entre mãe e filho, pai e filha.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.372)

Libido: “Termo psicanalítico usado em diferentes níveis, desde a energia do desejo sexual, passando por qualquer manifestação instintiva que tenda para a autoconservação da vida. Freud, viria, por fim, a aproximar-se bastante do conceito genérico de energia vital, defendido por Jung, que assim definiu a libido: “Designo por este termo a energia psíquica. Energia psíquica é a intensidade do processo psíquico, o seu valor psicológico. Considero a libido, portanto, não uma força mas um conceito para intensidades e valores psíquicos”.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.181)

Psicanálise: “Termo criado por Sigmund Freud para designar o seu método altamente especializado de psicoterapia intensa e extensa; e o seu sistema dinâmico de psicologia, baseado no estudo teórico das observações decorrentes da análise e investigação empírica das desordens de comportamento e de estrutura do caráter (sobretudo nas neuroses).” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.240)


Subjetivo: “O que somente existe em virtude de uma experiência psíquica ou mental da pessoa ou sujeito. O que é intrinsecamente inacessível à observação de mais de uma pessoa e caracteriza, portanto, a experiência exclusiva de uma pessoa.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.302)

Referências:

Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, 12ª Edição.
Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
NASIO, Juan Davis. O Prazer de Ler Freud. 1.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999

COMPLEXO DE ÉDIPO: Freud e a multiplicidade edípica

Curso: Psicologia
Disciplina: Teorias e Técnicas Psicanalíticas
Professora: Juçara Clemens
Alunos: Bruna Seidel; Paula Moreira; Tiago Cardozo
Psi 23


PRÁTICA EDUCATIVA ORIENTADA
COMPLEXO DE ÉDIPO: Freud e a multiplicidade edípica

Imagine você sentado em uma roda de amigos. Estão todos na cantina da universidade jogando conversa fora. Os assuntos correm livremente de noticias lidas pela manhã no jornal as temidas provas no fim do semestre. No entanto repentinamente surge Freud, a Psicanálise e o Complexo de Édipo. Ocorre uma empolgação do grupo ao falar sobre o assunto, e a discussão vai tomando profundidade. Você ouve com atenção, mas o nível de conhecimento de seus amigos sobre psicanálise parece ir muito além dos seus. Todos os termos parecem estrangeiros, talvez até alienígenas a você. Inconsciente? Complexo de Édipo? Libido? Recalque? Fantasia de Castração? Pulsões? Há o medo de entrar na conversa e soltar a maior gafe, aquela que vão ficar lembrando até o baile de formatura, mas ao mesmo tempo você deseja compreender melhor estes termos, entrar no assunto e fazer parte da conversa. E agora, o que fazer?
Este é um sinal de que você precisa ler um pouco sobre Freud e a Psicanálise, e apropriar-se de alguns termos essenciais para a satisfatória compreensão de sua teoria. Para começar existe uma série de livros de leitura fácil para o público leigo, entre eles podemos destacar “O Complexo de Édipo” de Chaim Samuel Katz, (Editora Civilização Brasileira, 2009), “O Prazer de Ler Freud” de J.-D. Nasio (Editora Jorge Zahar, 1999) ou ainda “Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa” também de J.-D. Nasio (Editora Jorge Zahar, 2007). Estes livros o auxiliarão a ter uma compreensão inicial de toda a teoria Freudiana de forma a facilitar o inicio de sua escalada pela compreensão da psicanálise como um preparatório para o aprofundamento dos estudos.
Agora, se você é como os japoneses que não esperam nem o peixe assar para comê-lo, com muita dedicação e empenho elaboramos para você este resumo do livro “O Complexo de Édipo: Freud e a Multiplicidade edípica de Chaim Samuel Katz (2009) com um glossário de termos fundamentais para compreensão de sua obra e também para “mandar bem” naquela conversa com os amigos. Boa Leitura.

GLOSSÁRIO
Ambivalência – “Disposição psíquica do sujeito, que sente ou manifesta, simultaneamente, dois sentimentos, duas atitudes opostas em relação a um mesmo objeto, a uma mesma situação (ex: amor e ódio, desejo e temor, afirmação e negação).” (CHEMAMA, 1995, p. 11).
Afeto – “Termo que a psicanálise foi buscar na terminologia psicológica alemã e que exprime qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificativo, que se apresente sob a forma de uma descarga maciça, quer como totalidade geral. Segundo Freud toda pulsão se exprime nos dois registros, do afeto e da representação. O afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e das suas variações” (PLON, ROUDINESCO, 1997, p. 9).
Complexo de Édipo – “É um conceito central dentro da psicanálise. Trata-se de um período na fase de desenvolvimento da criança em que esta “exprime o desejo sexual ou amoroso [...] pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo”. Sua ocorrência é por volta dos três aos cinco anos e depois de seu declínio resulta na entrada em um período de latência que somente será resolvido na puberdade” (PLON, ROUDINESCO, 1998, p. 166).
Fantasia – “Utilizado por Freud. Correlato da elaboração da noção de realidade psíquica e do abandono da teoria da sedução designa a vida imaginária do sujeito e a maneira como este representa para si mesmo sua historia ou a historia de suas origens” (PLON, ROUDINESCO, 1997, p. 223).
Libido – “Do latino (desejo). Designado por Freud como manifestação da pulsão sexual na vida psíquica e por extensão, a sexualidade humana em geral e a infantil em particular entendida como casualidade psíquica, disposição polimorfa, amor – próprio, e sublimação” (PLON, ROUDINESCO, 1997, p. 471).
Mito de Édipo – Mito de Origem Grega no qual Freud se inspirou para desenvolver seu conceito de Complexo de Édipo. Neste mito Édipo mata seu próprio pai, toma o lugar deste e casa-se com a mãe sem o saber. Mesmo sendo considerando um excelente governante, sérios problemas podem ser notados durante seu governo, sendo explicada na interpretação do mito pelo desrespeito a regra do incesto. Ao descobrir toda a verdade, Édipo fura seus próprios olhos. Este mito traz um correlato para com o conceito de Complexo de Édipo, pois ilustra a questão do desejo inconsciente infantil de tomar o lugar do genitor do sexo oposto, no caso o pai, e os problemas decorrentes caso esta regra do incesto seja desrespeitada (PLON, ROUDINESCO, 1997).
Principio do Prazer – “Par de Expressões introduzido por Sigmund Freud em 1911, a fim de designar os dois princípios que regem o funcionamento psíquico. O Primeiro tem por objetivo proporcionar prazer e evitar o desprazer, sem entraves nem limites (como o lactente no seio da mãe, por exemplo) e o segundo modifica o primeiro, impondo-lhe as restrições necessárias à adaptação à realidade externa” (PLON, ROUDINESCO, 1998, p.603). “Princípio que rege o funcionamento psíquico, segundo o qual atividade tem por funcionalidade evitar o desprazer e buscar o prazer” (CHEMAMA, 1995, p. 164).
Recalque – “No sentido próprio. Operação pela qual o sujeito procura repelir ou manter no inconsciente representações ligadas a uma pulsão. O recalque que se produz nos casos em que a satisfação de uma pulsão - suscetível de proporcionar prazer por si mesma – ameaçaria provocar desprazer relativamente às outras exigências” (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 430).
Resistência – “Chama-se resistência a tudo o que nos atos e palavras do analisado, durante o tratamento psicanalítico, se opõe ao acesso deste ao seu inconsciente. Por extensão, Freud falou de resistência à psicanálise para designar uma atitude de oposição as suas descobertas na medida em que elos revelam os desejos inconscientes e infligem ao homem um “vexame psicológico”” (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 458).
Simbólico – “Termo introduzido por J. Lacan, que distingue no campo da psicanálise três registros essenciais: o simbolismo, o imaginário e o real. O simbolismo designa a ordem de fenômenos de que trata a psicanálise, na media em que são estruturados como uma linguagem. Este termo refere-se também a ideia de que a eficácia do tratamento tem o seu elemento propulsor real no caráter fundador da palavra” (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 480).
Transferência – “Designa em psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de certa relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se aqui de uma repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada. É a transferência no tratamento que os psicanalistas chamam a maior parte das vezes transferência, sem qualquer outro qualificativo” (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 514).
Trauma – “Acontecimento na vida do sujeito que se define pela sua intensidade, pela incapacidade em que se encontra o sujeito de reagir a ele de forma adequada, pelo transtorno e pelos efeitos patogênicos duradouros que provoca na organização psíquica. Em termos econômicos, o traumatismo caracteriza-se por um afluxo de excitações que é excessiva em relação à tolerância do sujeito e a sua capacidade de dominar estas excitações” (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 522).
Zona-Erógena – “Qualquer região do revestimento cutâneo mucoso suscetível de se tornar sede de uma excitação do tipo sexual. De forma mais especifica, certas regiões que são funcionalmente sedes dessas excitações: zona oral, anal, uretra – genital, mamilo” (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 533).

RESUMO DO LIVRO
São varias as releituras de Freud e as interpretações são múltiplas. A interpretação precede os signos, portanto pensar freudianamente não é apenas repetir alguns de seus muitíssimos interpretes, mas considerar que o campo de interpretação considera os signos, mas elabora também suas próprias condições de interpretar. Cabe a psicanálise e aos psicanalistas pensar e analisar no campo freudiano as modificações impostas pela ampla produção de outras naturezas.
Édipo e complexo só aparecem juntos como expressão na obra de Freud, a expressão Édipo não é qualquer e nem pode ser substituída por outra de qualquer modo e se confunde no campo psicanalítico. O vasto pensamento psicanalítico não deriva de um nome ou de um conjunto de significantes, pois não se faz fora da produção desta expressão como conceito e categoria. E Édipo é a tradução de um mito grego no qual Édipo mata seu pai o Rei Laio e casa-se com sua mãe Jocasta
Para Freud complexo é o que acolhe a especificidades dos humanos e suas relações mais importantes, marcas que formam seres humanos únicos. Porem, estes mesmos seres são condicionados a viverem em um sistema articulado e organizado de uma mesma forma. Ele afirma que os indivíduos são constituídos de uma energia única de ordem sexual, chamada de a lidido. O prazer buscado pelo a libido é a sensação que alcança a expansão das percepções sexuais do individuo.
Em relatos para seu amigo Wilhelm Fliess (1858-1928) Freud conta experiências edípicas que via nos outros e que acontecia também com ele mesmo, como, o amor pela mãe e o ódio pelo pai, e passa a considerar como um acontecimento geral, um complexo nuclear de toda infância denominada “Complexo de Édipo”.
O Conceito de Complexo de Édipo desenvolvido por Freud tem pontos em comum com a teoria do antropólogo Levi-Strauss. Para Levi-Strauss a cultura tem como ponto inicial a imposição de alguma regra, algo que extrapola a pura vivência dos extintos animais, a regra inicial para Levi-Strauss seria a proibição do incesto. Freud ao desenvolver o CdE postula que a criança possui desejos sexuais em relação aos seus genitores. Este desejo reside puramente no principio do prazer e ignora o principio de realidade. No entanto, durante a fase do Édipo, a criança tem estes desejos recalcados e os papéis familiares tornam-se bem delimitados. O pai impõe ao filho a proibição de possuir a mãe, e este tendo o desejo recalcado aprende o que seria a primeira regra cultural imposta pela família. É desta maneira que a vida em sociedade torna-se possível, a proibição do incesto ou a conflitiva edípica, são o ponto crucial em que a criança consegue limitar, conter suas pulsões e desta maneira diferimos dos animais, que agem meramente por instintos, guiados pelo principio do prazer.
Para a psicologia clinica que usa a psicanálise saber sobre o complexo de Édipo é indispensável. É na fase edípica que a criança forma o caráter sexual que levará pelo resto de sua vida, caso a conflitiva edípica não seja bem resolvida na criança, ela poderá ter marcas que levará por toda sua historia. Então, caberá ao analista chegar ate a fase “afetada” fazer o caminho inverso do tempo e tratar essas marcas psíquicas do paciente.

REFERÊNCIAS
Katz, Chaim Samuel. Complexo de Édipo: Freud e a multiplicidade edípica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

Nasio, J.-D. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

Nasio, J.-D. O Prazer de Ler Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Freud e a multiplicidade edípica

Este trabalho foi desenvolvido pelas acadêmicas, Fernanda Morgana Fidélis dos Santos e Siliana Isabel Vanelli do terceiro semestre do curso de Psicologia da Uniasselvi.

Psicologia Clinica e o complexo de Édipo
A Psicologia Clinica inclui o estudo científico e de aplicações da Psicologia para fins de compreensão, prevenção e de alivio psicológico à base de aflição ou disfunções e para promover o bem-estar subjetivo e desenvolvimento pessoal.
A Psicologia Clínica engloba o estudo e tratamento de problemas de saúde mental como: depressão, ansiedade, fobias, comportamentos de dependência (álcool, drogas), obsessivos e compulsivos entre outros, problemas estes, que muitas das vezes podem estar relacionados com o desenvolvimento do complexo de Édipo.
Um livro que nos esclarece sobre este assunto é do autor Chaim Samuel Katz, Freud e a multiplicidade edípica.
Descreveremos para vocês, um breve resumo sobre o livro, algo que instigue a sua curiosidade para a leitura sobre este assunto. E para auxiliá-lo nesta prazerosa tarefa, desenvolvemos um pequeno glossário das palavras que lhe possam despertar a curiosidade de saber o que é. Então, é por isso que, nós, convidamos a todos para realizar esta leitura e conhecer um pouco melhor sobre esses termos psicanalíticos.

Resumo

Chaim Katz relata em seu livro a questão da moralidade ao falar sobre culpa e vergonha desenvolvida pela fantasia de castração. Sem a culpa, os indivíduos seriam conduzidos por seus impulsos de poder e de posse direta de objetos. Seriam, de acordo com Freud, todos perversos e psicóticos.
Revela, que o próprio Freud pode reconhecer em si mesmo, um sentimento que identificou como universal do inicio da infância, ou seja, o próprio complexo de Édipo. Revela ainda que cada pessoa foi um dia, real ou fantasiosamente, um Édipo e por isso sempre se deixa tocar pela atualização dos sentimentos inconscientes que a tragédia promove.
Observou que, o complexo de Édipo possui uma função fundamental, tanto para indivíduos quanto para grupos: evitar que a energia sexual (a libido) circule desgovernadamente em sua busca de prazer a qualquer custo.
O recalque promovido pelo complexo de Édipo ajuda a lidar com lembranças ruins ao mesmo tempo que impede barreiras ao prazer. Uma vez instalado, sob a forma de escolha inconsciente, uma de suas funções é nos proteger do desprazer.
E por fim, é sob o complexo que a vida social se torna tolerável. É desse modo que nasce a família e a ordem familiar, bem como a cultura e as relações sociais e que resultam também em novas maneiras de ser, sentir e pensar dos seres humanos.

Glossário

Castração: “Em psicanálise, o conceito de “castração” não corresponde a acepção habitual de mutilação dos órgãos sexuais masculinos, mas designa uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança por volta dos cinco anos de idade, e decisiva para a assunção de sua futura identidade sexual.” (NASIO, 1997); p. 33)
“Complexo centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à amputação do pênis na menina.
A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta as suas atividades sexuais, surgindo daí uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.
O complexo de castração está em estreita relação como o complexo de Édipo e, mais especialmente, com a função interditória e normativa.” (LAPLANCHE, et al, 2001); p 73)

Complexo de Édipo: “Inclinação erótica da criança pelo progenitor do sexo oposto ao seu, recalcado por causa do conflito ambivalente com o progenitor do próprio sexo, ao mesmo tempo amado, odiado e temido (complexo de Édipo positivo). Diz-se que o complexo de Édipo é “negativo” ou “inverso” quando a rivalidade com o progenitor do mesmo sexo é substituída por uma inclinação erótica em relação a esse progenitor; por ex., no menino, a passividade homossexual, inconsciente, em relação ao pai.” (PIÉRON,1996, p. 162).

Cena primária: “Cena de relação sexual entre os pais, observada ou suposta segundo determinados índices e fantasiadas pela criança, que é geralmente interpretada por ela como um ato de violência por parte do pai.” ( LAPLANCHE, et al, 2001; p 62).

Falo: “O Falo não é o pênis enquanto órgão. O Falo é um pênis fantasiado, idealizado, símbolo da onipotência e de seu avesso, a vulnerabilidade.” (NASIO, 2007, p. 22).

Fantasias: “Para Freud, representação, argumento imaginário, consciente (devaneio), pré-consciente ou inconsciente, implicando um ou vários personagens, que coloca em cena um desejo, que forma mais ou menos disfarçada. O fantasma é, ao mesmo tempo, efeito do desejo arcaico inconsciente e matriz dos desejos atuais, conscientes e inconscientes”. (ANQUETIL, et al, 2002. p.70).

Fixação: “Em Psicanálise, inclinação intensa da libido por uma pessoa, objeto ou fase do desenvolvimento psicossexual; em consequência, diminui a libido disponível para um ajustamento à realidade.” (PIÉRON, 1996, p. 224).

Libido: 1 “Em sentido estrito, procura da satisfação sexual. 2 Energia dos instintos “de vida”, que se distribui entre o Ego ( libido narcisista ) e objetos ou pessoas ( libido objetal). V. fase ou estágio libidinal. 3 No sentido de Jung, energia psíquica, qualquer que seja seu objeto.” (PIÉRON, 1996, p. 313).
“A libido expressa o regime de prazer, é modo de buscar prazer, trata-se de experiências psíquicas satisfatória e agradáveis e que tenham a capacidade de se unir entre si, se conjuntar. A libido, além de energia, é também um afeto, sempre em busca permanente de prazer e da evitação do desprazer, através de experiências prazerosas, sexuais, com objetos adequados.” (KATZ, 2009, P.35)
Mnemônica: “ O que se refere à memória.” ( PIÉRON, 1996, P. 349 ).

Principio de Constância: “Segundo este principio, cuja ideia FREUD tirou de FECHNER (1873), o comportamento do organismo tem como sentido a redução das tensões a um nível tão constante quanto possível; o principio do prazer deriva do principio de constância, e é, às vezes, chamado principio de Nirvana.” (PIÉRON, 1996, p. 424).

Princípio de prazer: “Abreviação da expressão “principio prazer-desprazer”. Segundo esse principio, o organismo nas formas primitivas de conduta ( cf. processo primário) tende a procurar a satisfação e a evitar o pesar, sem que se ajuste à realidade. O sonho noturno, a tendência a evitar as impressões penosas são resíduos de supremacia do principio do prazer-desprazer (Psicanálise).” (PIÉRON, 1996, p. 424)

Pulsões: “Processo dinâmico que consiste pressão ou força ( carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal ( estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir a sua meta.” ( LAPALNCHE, et al, 2001, p 394)

Pulsões de vida: “O objetivo das pulsões de vida é a ligação libidinal, isto é, o atamento dos laços por intermédio da libido, entre nosso psiquismo, nosso corpo, os seres e as coisas. As pulsões de vida tendem a investir tudo libidinalmente e a garantir a coesão das diferentes partes do mundo vivo” (NASIO, 1999, p.69)

Recalque: “Defesa automática e inconsciente pela qual o ego rejeita uma motivação, emoção ou ideia, penosa ou perigosas, tendendo a dissociar-se delas.” (PIÉRON, 1996, p. 451).

Representações: “Termo clássico em filosofia e em psicologia para designar “aquilo que se representa, o que forma o conteúdo concreto de um ato de pensamento” e “em especial a reprodução de uma percepção anterior” (1).” (LAPLANCHE, et al, 2001, p 444)

REFERÊNCIAS
ANQUETIL, Nicole; BALBO, Gabriel et al. Dicionário de Psicanálise. 2. ed. Porto Alegre, 2002.
KATZ, Chaim Samuel. Freud e a multiplicidade edípica. Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 2009.
NASIO, Juan Davis. O Prazer de Ler Freud. 1.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
PIÉRON, Henri. Dicionário de Psicologia. 10 Ed São Paulo: Globo, 1996.
LAPLANCHE, Jean et al. Vocabulário da Psicanálise. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CLIMA ORGANIZACIONAL


  • Print

O clima organizacional é a resultante da interação de diversos fatores entre pessoais e ambientais dentro de uma organização, apresenta-se de forma difusa, sem contornos definidos e não é simples de ser analisado. Sua importância reside no fato de indicar o grau de satisfação dos colaboradores diretos da empresa perante determinadas variáveis, como administração e mudanças em geral. É uma ferramenta administrativa que integra o Sistema de Qualidade de uma empresa.

Dentre os principais teóricos que tentaram definir clima organizacional podemos destacar os seguintes:

Flávio de Toledo e Benedito Milioni, que no Dicionário de Administração de Recursos Humanos definem:

“Clima Organizacional é um conjunto de valores, atitudes e padrões de comportamento, formais e informais, existentes em uma organização".

Ricardo Luz, no livro Clima Organizacional:

“O clima retrata o grau de satisfação material e emocional das pessoas no trabalho. Observa-se que este clima influência profundamente a produtividade do indivíduo e, consequentemente da empresa. Assim sendo, o mesmo deve ser favorável e proporcionar motivação e interesse nos colaboradores, além de uma boa relação entre os funcionários e a empresa."

O clima organizacional está, portanto, ligado à maneira como o colaborador percebe a organização e suas cultura, normas, usos, costumes, valores e como ele interpreta isto e como reage, positiva ou negativamente, a essa interpretação.

O clima se original, primordialmente, a partir dos valores que cada um dos envolvidos traz para dentro da organização e estes pressupostos influenciam diretamente o estilo gerencial. Este clima não pode ser ‘criado’ (i.e. produzido deliberadamente), uma vez que é o resultante vivo e dinâmico da interação de fatores internos, das decisões tomadas e da maneira como o pessoal é administrados pelos líderes, e atinge o colaborador no que diz respeito ao modo como percebe a empresa, induzindo-o a determinado comportamento.

Para Edela (1978) o clima organizacional pode ser compreendido como o resultado, em sua totalidade, da própria cultura, tradições e métodos de cada organização, onde cada novo empregado espera ter o apoio da empresa e atender seus desejos econômicos, sociais e emocionais. Através da percepção que este colaborador tiver, então produzirá uma outra imagem da organização em sua mente. As organizações costumam atrair e manter pessoas que se ajustem em seus padrões de comportamento, padrões estes que são, por vezes, perpetuados através da história da organização.

Levando-se em consideração a pluralidade de interesses, posturas profissionais e pessoais, modos de vida e maneira de encarar o mundo, podemos assumir que dentro de uma organização não haverá conceitos e valores uniformes, portanto o modo de percepção e reação ao clima organização será o mais diversificado possível, com diferentes níveis de aceitação ou rejeição de um modo particular de liderança. Ou seja, uma mesma situação existente numa organização, num determinado momento, será percebido de maneira diferente pelos diversos grupos de colaboradores. Para alguns haverá uma percepção positiva e motivadora, enquanto outros será desagradável e distônico aos seus objetivos.

Para Abbey & Dickson (1983) o clima organizacional pode ser definido como a qualidade de um ambiente interno de uma organização, que resulta do comportamento e conduta dos seus membros e serve como base para interpretar a situação e age, também, como uma fonte de pressão direcionando as atividades.

Desde a década de 60, quando começaram a aparecer alguns dos primeiros estudos concernentes a clima organizacional em empresas americanas já foram feitas diversas correlações entre o clima e outras áreas críticas das empresas, como liderança, motivação, desempenho e cultura organizacional.

Entretanto a importância do impacto do clima sobre a Qualidade dos produtos e serviços começou a ser levada em consideração há muito pouco tempo. Há três níveis que podemos perceber o clima organizacional: mm nível macro, que abrange todos os fatores externos à empresa, e que atua tanto sobre ela, enquanto organismo, quanto sobre cada um de seus membros, enquanto cidadãos. Um outro nível, micro, em que se situam os sistemas próprios da empresa. E um terceiro, individual, em que se colocam as experiências individuais de cada funcionário, determinando a maneira como a realidade organizacional é percebida (CUNHA, 2007).