Há diferença entre psicologia clínica e psicologia da saúde?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Freud e a multiplicidade edípica

Este trabalho foi desenvolvido pelas acadêmicas, Fernanda Morgana Fidélis dos Santos e Siliana Isabel Vanelli do terceiro semestre do curso de Psicologia da Uniasselvi.

Psicologia Clinica e o complexo de Édipo
A Psicologia Clinica inclui o estudo científico e de aplicações da Psicologia para fins de compreensão, prevenção e de alivio psicológico à base de aflição ou disfunções e para promover o bem-estar subjetivo e desenvolvimento pessoal.
A Psicologia Clínica engloba o estudo e tratamento de problemas de saúde mental como: depressão, ansiedade, fobias, comportamentos de dependência (álcool, drogas), obsessivos e compulsivos entre outros, problemas estes, que muitas das vezes podem estar relacionados com o desenvolvimento do complexo de Édipo.
Um livro que nos esclarece sobre este assunto é do autor Chaim Samuel Katz, Freud e a multiplicidade edípica.
Descreveremos para vocês, um breve resumo sobre o livro, algo que instigue a sua curiosidade para a leitura sobre este assunto. E para auxiliá-lo nesta prazerosa tarefa, desenvolvemos um pequeno glossário das palavras que lhe possam despertar a curiosidade de saber o que é. Então, é por isso que, nós, convidamos a todos para realizar esta leitura e conhecer um pouco melhor sobre esses termos psicanalíticos.

Resumo

Chaim Katz relata em seu livro a questão da moralidade ao falar sobre culpa e vergonha desenvolvida pela fantasia de castração. Sem a culpa, os indivíduos seriam conduzidos por seus impulsos de poder e de posse direta de objetos. Seriam, de acordo com Freud, todos perversos e psicóticos.
Revela, que o próprio Freud pode reconhecer em si mesmo, um sentimento que identificou como universal do inicio da infância, ou seja, o próprio complexo de Édipo. Revela ainda que cada pessoa foi um dia, real ou fantasiosamente, um Édipo e por isso sempre se deixa tocar pela atualização dos sentimentos inconscientes que a tragédia promove.
Observou que, o complexo de Édipo possui uma função fundamental, tanto para indivíduos quanto para grupos: evitar que a energia sexual (a libido) circule desgovernadamente em sua busca de prazer a qualquer custo.
O recalque promovido pelo complexo de Édipo ajuda a lidar com lembranças ruins ao mesmo tempo que impede barreiras ao prazer. Uma vez instalado, sob a forma de escolha inconsciente, uma de suas funções é nos proteger do desprazer.
E por fim, é sob o complexo que a vida social se torna tolerável. É desse modo que nasce a família e a ordem familiar, bem como a cultura e as relações sociais e que resultam também em novas maneiras de ser, sentir e pensar dos seres humanos.

Glossário

Castração: “Em psicanálise, o conceito de “castração” não corresponde a acepção habitual de mutilação dos órgãos sexuais masculinos, mas designa uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança por volta dos cinco anos de idade, e decisiva para a assunção de sua futura identidade sexual.” (NASIO, 1997); p. 33)
“Complexo centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à amputação do pênis na menina.
A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta as suas atividades sexuais, surgindo daí uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.
O complexo de castração está em estreita relação como o complexo de Édipo e, mais especialmente, com a função interditória e normativa.” (LAPLANCHE, et al, 2001); p 73)

Complexo de Édipo: “Inclinação erótica da criança pelo progenitor do sexo oposto ao seu, recalcado por causa do conflito ambivalente com o progenitor do próprio sexo, ao mesmo tempo amado, odiado e temido (complexo de Édipo positivo). Diz-se que o complexo de Édipo é “negativo” ou “inverso” quando a rivalidade com o progenitor do mesmo sexo é substituída por uma inclinação erótica em relação a esse progenitor; por ex., no menino, a passividade homossexual, inconsciente, em relação ao pai.” (PIÉRON,1996, p. 162).

Cena primária: “Cena de relação sexual entre os pais, observada ou suposta segundo determinados índices e fantasiadas pela criança, que é geralmente interpretada por ela como um ato de violência por parte do pai.” ( LAPLANCHE, et al, 2001; p 62).

Falo: “O Falo não é o pênis enquanto órgão. O Falo é um pênis fantasiado, idealizado, símbolo da onipotência e de seu avesso, a vulnerabilidade.” (NASIO, 2007, p. 22).

Fantasias: “Para Freud, representação, argumento imaginário, consciente (devaneio), pré-consciente ou inconsciente, implicando um ou vários personagens, que coloca em cena um desejo, que forma mais ou menos disfarçada. O fantasma é, ao mesmo tempo, efeito do desejo arcaico inconsciente e matriz dos desejos atuais, conscientes e inconscientes”. (ANQUETIL, et al, 2002. p.70).

Fixação: “Em Psicanálise, inclinação intensa da libido por uma pessoa, objeto ou fase do desenvolvimento psicossexual; em consequência, diminui a libido disponível para um ajustamento à realidade.” (PIÉRON, 1996, p. 224).

Libido: 1 “Em sentido estrito, procura da satisfação sexual. 2 Energia dos instintos “de vida”, que se distribui entre o Ego ( libido narcisista ) e objetos ou pessoas ( libido objetal). V. fase ou estágio libidinal. 3 No sentido de Jung, energia psíquica, qualquer que seja seu objeto.” (PIÉRON, 1996, p. 313).
“A libido expressa o regime de prazer, é modo de buscar prazer, trata-se de experiências psíquicas satisfatória e agradáveis e que tenham a capacidade de se unir entre si, se conjuntar. A libido, além de energia, é também um afeto, sempre em busca permanente de prazer e da evitação do desprazer, através de experiências prazerosas, sexuais, com objetos adequados.” (KATZ, 2009, P.35)
Mnemônica: “ O que se refere à memória.” ( PIÉRON, 1996, P. 349 ).

Principio de Constância: “Segundo este principio, cuja ideia FREUD tirou de FECHNER (1873), o comportamento do organismo tem como sentido a redução das tensões a um nível tão constante quanto possível; o principio do prazer deriva do principio de constância, e é, às vezes, chamado principio de Nirvana.” (PIÉRON, 1996, p. 424).

Princípio de prazer: “Abreviação da expressão “principio prazer-desprazer”. Segundo esse principio, o organismo nas formas primitivas de conduta ( cf. processo primário) tende a procurar a satisfação e a evitar o pesar, sem que se ajuste à realidade. O sonho noturno, a tendência a evitar as impressões penosas são resíduos de supremacia do principio do prazer-desprazer (Psicanálise).” (PIÉRON, 1996, p. 424)

Pulsões: “Processo dinâmico que consiste pressão ou força ( carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal ( estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir a sua meta.” ( LAPALNCHE, et al, 2001, p 394)

Pulsões de vida: “O objetivo das pulsões de vida é a ligação libidinal, isto é, o atamento dos laços por intermédio da libido, entre nosso psiquismo, nosso corpo, os seres e as coisas. As pulsões de vida tendem a investir tudo libidinalmente e a garantir a coesão das diferentes partes do mundo vivo” (NASIO, 1999, p.69)

Recalque: “Defesa automática e inconsciente pela qual o ego rejeita uma motivação, emoção ou ideia, penosa ou perigosas, tendendo a dissociar-se delas.” (PIÉRON, 1996, p. 451).

Representações: “Termo clássico em filosofia e em psicologia para designar “aquilo que se representa, o que forma o conteúdo concreto de um ato de pensamento” e “em especial a reprodução de uma percepção anterior” (1).” (LAPLANCHE, et al, 2001, p 444)

REFERÊNCIAS
ANQUETIL, Nicole; BALBO, Gabriel et al. Dicionário de Psicanálise. 2. ed. Porto Alegre, 2002.
KATZ, Chaim Samuel. Freud e a multiplicidade edípica. Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 2009.
NASIO, Juan Davis. O Prazer de Ler Freud. 1.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
PIÉRON, Henri. Dicionário de Psicologia. 10 Ed São Paulo: Globo, 1996.
LAPLANCHE, Jean et al. Vocabulário da Psicanálise. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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