Há diferença entre psicologia clínica e psicologia da saúde?

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ACADÊMICAS: BRUNA CORSANI,

DAYANNE CAMPIGOTTO,

PRISCILA DE SOUZA e

ROSENILDA DA SILVA WOLFF

PSI 23

Dentro da Psicologia Clinica, se inclui a Psicanálise. Trazemos aqui um breve resumo do livro “O complexo de Édipo (Freud e a multiplicidade edípica)”, o qual explica detalhadamente as etapas do complexo de Édipo. Este resumo facilitará seu entendimento e aguçará sua vontade em aprofundar-se no complexo. Logo, ao final você encontra um glossário do livro e suas referências.

SÍNTESE

O Complexo de Édipo:

Freud e a Multiplicidade Edípica.

As interpretações das leituras de Freud são infinitas e múltiplas. O saber de Freud é intempestivo e também trans-discursivo, vai além das épocas e das marcações culturais.

Para o complexo de Édipo existem vários conceitos, mais apenas na obra Freudiana receberam significação original e fundador. A expressão se funde com o campo inteiro da Psicanálise. Para iniciar a teoria, Freud partiu da descoberta de que os humanos se organizam psiquicamente através de um complexo nuclear, e supõe que os mitos e lendas se constituem com o variante de uma mesma estrutura, o inconsciente. É a partir da lenda de “Édipo” teatralizada por Sófocles e sua auto-análise que Freud baseia sua teoria.

Para Freud o complexo de Édipo é o conceito que funda, que acolhe, subsumi a especificidade dos humanos e suas relações mais importantes, o que os marca como essencialmente humanos subjetivados.

O desejo do Édipo é eliminar o pai e possuir a mãe. O incesto é o desejo de introjetar completamente, possuir aquela que o gerou e eliminar quem se põe como obstáculo. Mas o discurso psicanalítico distingue o permitido do proibido. O próprio filho, mesmo antes de poder ter acesso ao discurso verbal, à memória da ordem conceitual aprenderá regras e comportamentos que deverá seguir permanentemente, que serão sua destinação. O Complexo de Édipo de certa forma tem uma função fundamental, tanto para indivíduos quanto para grupos, ele evita que a energia sexual (a libido) circule desgovernadamente, que essa energia siga em sua busca de prazer a qualquer preço. É sob o complexo que a vida social se torna tolerável. É desse modo que nasce a família e a ordem familiar, bem como a cultura e as relações sociais.

Freud, usa o conceito de representações para se referir ao modo como os termos se apresentam para a compreensão; e como se apresentam inconscientemente e quando isso acontece as representações atravessam pela ordem do prazer e do recalque. Essa teorização exige que compreendamos as experiências psíquicas, sempre em segunda, ou seja experiências que já tivemos. As experiências psíquicas são as que se inscrevem no aparelho psíquico, mas que já foram marcadas pela experiência anterior do prazer. É através da memória que podemos recordar, lembrar algo que já foi experimentado.

Para Freud, o prazer é uma marca, uma sensação que deixa trilhas, que tenderão a ser retrilhadas, assim vão constituir o sistema de representações e só podem entrar nele se mantiver as características do sistema e o sistema se dá de acordo com a busca do prazer, da sua repetição e de suas condições de reproduções.

Freud postula que o psiquismo funciona como sistema que gera prazer, mas de forma homeostática, e mantém uma quantidade de energia constante, e se essa energia aumenta, proporciona um sentimento de desprazer.

É o sistema de representações que dá a característica de representação ao fato, porém o complexo nuclear só ganha estatuto de expressão quando se remete aos fatos vividos pelo próprio sujeito. O fato ganha valor eventual somente após se estabelecer edipicamente.

Há uma questão importante que foi discutida no livro que foi: se os sentires e fazeres do personagem Édipo, são os mesmos dos dias atuais, e se existe um inconsciente universal, que determina os humanos subjetivados em todos os momentos da história até os dias de hoje, ou se isso ocorre com vários regimes de produção inconsciente, dependendo do meio social, político, psíquico ou social de cada individuo?

Podemos ver com essa leitura, que cada estudioso tem uma opinião diferente a respeito do Complexo de Édipo. Para o antropólogo Bronislaw Malinowski (1848-1942), o CdE, existia sim, mas depende do contexto cultural onde cada individuo está inserido, a partir dai se forjaria cada tipologia psicológica, ele se opôs a interpretação de Freud. Já para o Psicanalista e etnólogo Húngaro Geza Róheim (1891-1953), analizando de Ferenczi, os objetos com que o individuo precisa lidar são intermediários, ambivalentes ou duais: narcísico e objetos de cultura. Narcísicos pois são libidinais e de cultura, pois brincados pelo individuo

No interior de suas culturas múltiplas. E ao contrário de Malinowski, ele acredita que os indivíduos estaria desde de sempre destinados ao CdE, pelo pré-édipo.

Jean-Pierre Vernant (1914-2007), para ele quando houve a criação da lenda edípica, os gregos começaram a interiorizar sua responsabilidade própria, autônoma, sobre os atos que lhes adivinhariam desde ou pelos deuses. Ele acredita que os gregos distinguiam rigorosamente entre eros e philia, dois tipos de amor e desejo. Amor e desejos esses, familiares e não incestuosos.

Para Michel Focault (1926-1984), precisaríamos de mais evidências, para conhecermos verdadeiramente, a história de Édipo, representado por Sófocles. A Psicanálise procuraria a verdade de Édipo, enquanto Focault, se propõe a pensar e a buscar a verdade para Édipo, ou seja, para nós. Ele diz, não haver transparência na cultura, por mais que pensamos saber tudo sobre ela, não existe cultura aonde se pode falar tudo e sobre qualquer coisa.

Para a teoria psicanalítica, o momento crucial da constituição do sujeito situa-se no campo da cena edípica. O complexo de Édipo existe para tentar domesticar os impulsos incestuosos, e estes são permanentes. Complexo e proibição de incesto estão definitivamente soldados, e é tal paradoxo que Freud sustenta na sua teorização.

Se nos voltarmos para a clínica freudiana, veremos que o Complexo de Édipo é um grande (e, segundo Freud, universal) instrumento de dupla ação: domestica as pulsões e lhes aplica limites necessários; mas não tem como contê-los inteiramente. Freud também dirá que o enquadramento nos sistemas de parentesco e a proibição do incesto estarão sempre desafiados pelo incondicional da anexação dos outros, visto que já nascemos destinados pelo outro, forma principal de produção de cultura.

GLOSSÁRIO:

O Complexo de Édipo

Freud e a Multiplicidade Edípica.

Castração - “ Para Freud, conjunto das consequências subjetivas, principalmente inconsciente, determinadas pela ameaça de castração, no homem e pela ausência de pênis na mulher.” (Chemama, 1995, p.30).

Complexo “Conjunto de sentimentos e representações, parcial ou totalmente inconsciente, dotado de uma potência afetiva que organiza a personalidade de cada um, marca seus objetivos e orienta suas ações.” (Chemama, 1995, p.33).

Complexo de Édipo - “É um desejo sexual próprio de um adulto, vivido na cabecinha e no corpinho de uma criança de quatro anos e cujo objetivo são os pais.” (...) “É a primeira vez na vida que a criança conhece um movimento erótico de todo o seu corpo em direção ao corpo do outro.”

(...)absorvida por um desejo sexual incontrolável, tem de aprender a limitar seu impulso e ajustá-lo aos limites de seu corpo imaturo, aos limites de sua consciência nascente, aos limites de seu mesmo e, finalmente, aos limites de uma Lei tácita que lhe ordena que pare de tomar seus pais por objetos sexuais. Eis então o essencial da crise edipiana: aprender a canalizar um desejo transbordante. (Laplanche e Pontalis, 2001, p.77).

Desejo – “Falta inscrita na palavra e efeito da marca do significante sobre o ser falante. Em um sujeito, o lugar de onde vem sua mensagem linguística é chamado de outro, parental ou social. Ora o desejo do sujeito falante é o desejo do outro.” (Chemama, 1995, p. 42).

Inconsciente – “Conteúdo ausente, em um dado momento instância constituída de elementos recalcados.” (Chemama, 1995, p.106).

Instinto – “a) Classicamente, esquema de comportamento herdado, próprio de uma espécie animal, que pouco varia de um individuo para outro, que se desenrola segundo uma sequência temporal parece corresponder a uma finalidade.

b) Termo utilizado por certos autores psicanalíticos como tradução ou equivalente do termo freudiano Trieb, para o qual numa terminologia coerente, convêm recorrer ao termo pulsão.” (Laplanche e Pontalis, 2001, p.241).

Libido – “Energia psíquica das pulsões sexuais, que encontram seu regime em termos de desejo.” (Chemama, 1995, p.126).

Pré-consciente – “Instância psíquica proposta por Sigmund Freud, após sua descoberta do inconsciente, para representar, no aparelho psíquico, um lugar intermediário entre o inconsciente e o consciente, necessário para assegurar o funcionamento dinâmico desse aparelho.” (Chemama, 1995, p. 164).

Psicanálise – “Disciplina fundada por Freud e na qual podemos, com ela distinguir três níveis:

a) Um método de investigação que consiste essencialmente em evidência o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito. Este baseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação. A interpretação psicanalítica pode estender-se a produções humanas para as quais não se dispõe de associações livres.

b) Um método psicoterápico baseado nesta investigação e especificado pela interpretação controlada da resistência, da transferência e do desejo. O emprego da Psicanálise como sinônimo de tratamento psicanalítico está ligado a este sentido; exemplo: começa uma psicanalise (ou uma análise).

c) Um conjunto de terias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento.” (Laplanche e Pontalis, 1982, p.385).

Pulsão – “Na teoria analítica, energia fundamental do sujeito, força necessária ao seu funcionamento, exercida em sua maior profundidade. Como essa força se apresenta de muitas formas, é conveniente falar de pulsões em lugar de pulsão, exceto no caso em que esteja interessado em sua natureza geral – nas características comuns a toda pulsão.” (Chemama, 1995, p.177).

Representações – “Forma elementar daquilo que é inscrito nos diferentes sistemas do aparelho psíquico.” (Chemama, 1995, p.192).

Repressão – “Qualquer impulso, fora da consciência, de um conteúdo representado como despraze-roso ou inaceitável; ação do aparelho psíquico sobre o afeto.” (Chemama, 1995, p.192).

Referências:

Chemama, Roland (Org.). Dicionário de psicanálise. Porto Alegre : Editora Artes Médicas Sul, 1995.

Laplanche, Jean. Vocabulário da psicanálise. São Paulo : Livraria Martins Fontes, 2008.

domingo, 21 de novembro de 2010

COMPLEXO DE ÉDIPO: Freud e a multiplicidade edípica

CURSO: PSICOLOGIA (BACHARELADO) – TURMA PSI 23
DISCIPLINA: TEORIA E TÉCNICAS PSICANALÍTICAS
ACADÊMICAS: ANA CAROLINE B. DA SILVA
NOELI DO N. PATERNO
NATIELE SILVA


COMPLEXO DE ÉDIPO:
Freud e a multiplicidade edípica



1. INTRODUÇÃO

O Complexo de Édipo é um dos conceitos fundamentais da teoria e da clinica psicanalítica. Chama-se por complexo de Édipo, um determinado período de desenvolvimento sexual da criança, que ocorre aproximadamente aos três anos de idade, nesta fase ela volta seu desejo ao Outro, representado pelos pais do sexo oposto.
É um ponto primordial na estruturação da identidade sexual do ser humano e é nesse período que nos deparamos com as regras que nos permitem viver em sociedade, o rumo da história de nossas vidas se dará conforme a resolução dessa fase. Ou seja, quando o processo do édipo não é concluído com êxito, esse menino ou menina ficam presos a essa etapa da vida e a sequência de atos e acontecimentos que se passarão ao longo do tempo, demonstrarão/apresentarão dificuldades que estarão ligados ao desfecho do Complexo de Édipo.
Desta forma, nos atendimentos clínicos, a escuta dos pacientes, perpassa pela escuta do desenvolvimento psicossexual que irá se expressar no comportamento atual de cada ser humano. Escutar um paciente é fazer esse caminho inverso no tempo que nos leva a criança edipiana, e que nos conta a história dela, ou nos mostra seu andamento, e ver o Édipo como uma forma di nâmica que se recusa a desistir por completo e que por isso retorna em nossas relações.

2. RESUMO DO LIVRO

No livro “O Complexo de Édipo: Freud e a multiplicidade edípica” encontra-se um percurso em que são destacados os diversos momentos da construção do conceito, seus antecedentes, a maneira pela qual Freud, incorpora num conceito, intuições, ideias anteriores, avanços e recuos na abrangência que lhe atribui. A interpretação dos textos demonstra a progressiva, mas não linear, importância como eixo central que o complexo de Édipo adquirirá no final da obra freudiana e a universalidade e a transcendência que adquirirá. Também destaca a relação sujeito e cultura com referência à proibição do incesto, as mudanças do fator etiológico, a mudança na definição do tipo de objeto, o vai e vem do lugar ocupado pelos impulsos hostis, a complexidade crescente que o conceito de identificação adquire, a segunda teoria pulsional e o complexo de Édipo composto. Conclui esse trajeto relacionando num subtítulo a problemática edípica centrada no complexo de Castração, utilizando o mesmo método de leitura cuidadoso e exaustivo dos textos de Freud.
O autor Chaim Samuel Katz traz no contexto no referencial mencionado justamente as inúmeras “leituras” de Freud, pois como ele próprio nos ensinou, as interpretações são infinitas e múltiplas. Portanto, pensar em Freud, freudianamente, não é apenas repetir algum de seus muitíssimos interpretes, mas considerar que o campo de interpretação considera os signos, mas elabora também suas próprias condições de interpretar. Assim, um texto regressivo como o este, interessado na multiplicidade das naturezas produzidas por Freud, pode nos ensinar algo mais acerca do Édipo.
Freud não parte de uma análise do escrito de Sófoles, mas ao contrário, parte de sua própria descoberta de que os humanos se organizam psiquicamente através de um complexo nuclear e supõe que os mitos e lendas se constituem como variantes de uma mesma estrutura constituinte do psiquismo, que é inconsciente, ele a enuncia como o complexo nuclear do ser humano.
Ele também, reúne criativamente a lenda de Édipo e o conceito de “Complexo”. Tal conceito está difundido nos saberes neurológicos e psiquiátricos da época estando na emergência mais importante do que hoje conhecemos como psiquiatria dinâmica. Sabemos da originalidade da elaboração freudiana, mas vejamos que tais vertentes, não se podem ignorar, sob pena de não nos aproximarmos adequadamente da nossa questão.
Katz relata no livro que no inicio dos estudos de Freud, ele teve um sonho com a sua mãe e a sua babá, ele interpretou de forma clara esse sonho, que seria o amor por sua mãe e o ciúme pelo seu pai. Ele reconheceu em si mesmo um sentimento que é universal no início da infância, o chamado Complexo de Édipo. Conforme a lenda grega de Édipo que confirma que mesmo inconscientemente todos os seres humanos um dia foram ou serão um Édipo e que atualizam esse sentimento com o passar da infância.
Édipo na versão de Sófocles é o filho dos reis de Tebas, Jocasta e Laios e está predestinado a matar seu pai e esposar a mãe, sabendo disso o rei de Tebas não desejará ter um filho, mas sua esposa sim, então, encomendou a embriaguez de seu marido para que seu desejo fosse satisfeito. Ao nascer o menino foi levado para longe da sua casa e fora adotado por reis, mais tarde ao saber que era bastardo e da sua predestinação de matar seu pai e de casar-se com sua mãe, ele foge e acaba sem saber cumprindo o seu destino, mata o pai, desafia a esfinge e casa-se com a sua mãe.
Depois de tantos anos após dessas descobertas de Freud nos perguntamos se com tantas mudanças essas teorias não seriam equivocadas, mas ela se transforma de uma maneira que seja continuada e atualizada.
Katz ainda destaca a importância do Complexo de Édipo, tanto nos indivíduos como nos grupos sociais, para que seja controlada essa busca pelo prazer, que esse não seja o único e exclusivo desejo e que ele não seja desgovernado. O complexo delimita a libido e ela só se manifesta edipicamente, desse modo nasce as relações sociais e familiares.
Quando destaca a questão da moralidade, Katz conclui fazendo observações sobre a fantasia de castração que se manifesta por sentimentos que são universais, a culpa e a vergonha. Para se constituir humano e fazer parte de uma vida social seria essencial e até natural se sentir culpado e/ou envergonhado em casos de fartura ou luxúria.
Afirma-se hoje, na contemporaneidade, que culpa e vergonha devem, tem que ser sentimentos introjetados pelos sujeitos que merecem a subjetividade. Como isto não ocorre, será preciso pensar que mecanismos de constituição psíquica estão em ação. O Complexo de Édipo insiste, mas não é único.

3. GLOSSÁRIO

Convidamos a todos os leitores deste blog para uma leitura breve do glossário apresentado.

No atendimento terapêutico acontecem diversas situações, muitas delas ligadas ao Complexo de Édipo e da passagem dele na vida de cada paciente. O autor Chaim Samuel Katz do livro Complexo de Édipo: Freud e a multiplicidade edípica aborda a questão da conflitiva edípica explicando e detalhando todos os aspectos. Para uma compreensão adequada e com embasamento em autores confiáveis disponibilizamos abaixo um glossário com as principais palavras e expressões sobre este conteúdo.

Afeto: “Termo que a Psicanálise foi buscar na terminologia alemã e que exprime qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificado, quer se apresente sob forma de uma descarga maciça, quer como totalidade geral.” (Laplanche, 2001, p. 9)

Ambivalência: “presença simultânea, na relação com um mesmo objeto, de tendências, de atitudes e de sentimentos opostos, fundamentalmente o amor e o ódio”. (Laplanche, 2001, p. 17)

Aparelho Psíquico: “Expressão que ressalta certas características que a teoria freudiana atribui ao psiquismo: a sua capacidade de transmitir e de transformar uma energia determinada e a sua diferenciação em sistemas ou instâncias”. (Laplanche, 2001, p. 29)

Complexo de Édipo: “Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. (…) o complexo apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento pelo progenitor do sexo oposto. Na realidade essas duas formas encontram-se em graus diversos da chamada completa do complexo de Édipo”. (Laplanche, 2001, p. 77)

Desejo: “Termo empregado em filosofia, psicanálise e psicologia para designar, ao mesmo tempo, a propensão, o anseio, a necessidade, a cobiça ou o apetite, isto é, qualquer forma de movimento em direção a um objeto cuja atração espiritual ou sexual é sentida pela alma e pelo corpo. Em Sigmund Freud, essa idéia é empregada no contexto de uma teoria do inconsciente para designar, ao mesmo tempo, a propensão e a realização da propensão. Nesse sentido, o desejo é a realização de um anseio ou voto (wunsch) inconsciente.” (Roudinesco, 1998, p.146)

Falo: “Na antiguidade greco-latina, representação figurada do órgão sexual masculino”. (Laplanche, 2001, p. 166)

Fantasia: “Roteiro imaginário em que o sujeito está presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo e em ultima análise, de um desejo inconsciente”. (Laplanche, 2001, p. 169)

Incesto: “Prática de relações sexuais entre parentes próximos, consanguíneos, cujo casamento é proibido por lei, como, por exemplo, entre pai e filha, mãe e filho, irmão e irmã”. (Zimermann, 2001, p. 211).

Inconsciente: “O inconsciente é por vezes para exprimir o conjunto dos conteúdos não presentes no campo efetivo da consciência, isto num sentido “descritivo” e não “tópico”, quer dizer, sem se fazer discriminação entre os conteúdos dos sistemas pré-consciente e inconsciente”. (Laplanche, 2001, p. 235)

Psicanálise: “Termo criado por Sigmund Freud, em 1896, para nomear um método particular de psicoterapia (ou terapia pela fala) proveniente do processo catártico (catarse) de Josef Breuer e pautado na exploração do inconsciente, com a ajuda da associação livre, por parte do paciente, por parte do psicanalista. Por extensão, dá-se o nome de psicanálise: 1. Ao tratamento conduzido de acordo com esse método. 2. À disciplina fundada por Freud (e somente a ela), na medida em que abrange um método terapêutico, uma organização clinica, uma técnica psicanalítica, um sistema de pensamentos e uma modalidade de transmissão do saber (analise didática, supervisão) que se apoia na transferência e permite formar praticantes do inconsciente. 3. Ao movimento psicanalítico, isto é, a uma escola de pensamento que engloba todas as correntes do freudismo.” (Roudinesco, 1998, p.603)

Pulsão: “Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir a sua meta”. (Laplanche, 2001, p. 394)

Recalque: “Operação pela qual o sujeito procura repelir ou manter no inconsciente representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a uma pulsão. O recalque produz-se nos casos em que a satisfação de uma pulsão – suscetível de proporcionar prazer por si mesma – ameaçaria provocar desprazer relativamente a outras exigências”. (Laplanche, 2001, p. 430)

Representação: “Termo clássico em filosofia e em psicologia para designar “aquilo que se representa, o que forma o conteúdo concreto de um ato de pensamento” e “em especial a reprodução de uma percepção anterior”. Freud opõe a representação ao afeto, pois cada um destes dois elementos tem destinos diferentes nos processos psíquicos”. (Laplanche, 2001, p. 448)

4. REFERÊNCIAS

Katz, Chaim Samuel. Complexo de Édipo: Freud e a multiplicidade edípica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

Laplanche, Jean. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Roudinesco, Elisabeth. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

Zimermann, David E. Vocabulário contemporâneo de psicanálise. Porto Alegre: Artmed, 2001.