Há diferença entre psicologia clínica e psicologia da saúde?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Acadêmicas: Meg Sachini, Shirlei Barni, Asta e Alessandra.


Hoje em dia há muitas linhas de pensamento em psicologia clínica, sendo uma delas a Psicanálise ( a psicologia analítica ). Uma das bases teóricas da psicanálise é o Complexo de Édipo, sendo que o mesmo se baseia num determinado período do desenvolvimento sexual da criança. Convido os leitores a compreender e se aprofundar mais neste assunto. Segue o resumo do livro “Complexo de Édipo – Freud e a multiplicidade edípica” e, em seguida, o glossário do mesmo.


Complexo de Édipo - Freud e a multiplicidade edípica
Por Chaim Samuel Ktaz

Chama-se Complexo de Édipo, um determinado período do desenvolvimento sexual da criança, aproximadamente aos três anos de idade, onde nessa fase ela volta seu desejo ao Outro, representado pelos pais do sexo oposto. Chaim Samuel Katz trabalhou o tema do complexo de Édipo, usando para tanto os textos de Freud a respeito e outras referências que lhe pareceram relevantes. O tema é considerado uma das bases fundamentais da psicanálise.
Na visão do autor, o complexo de Édipo atende a necessidade de esclarecer questionamentos a antropologia e a psicologia social dos tempos de Freud até hoje.
Chaim S. Katz debate a questão de saber o peso das circunstâncias histórico culturais na determinação de “sentir e fazeres” de Édipo, ele também se pergunta se existiria um inconsciente universal que determina os humanos da mesma maneira em todas as épocas, respondendo que o complexo edípico existe, mas que se organiza de modo diferente em cada grupo ou sociedade, de acordo com Katz, Young influenciou diretamente Freud, levando Freud a impor a categoria de complexo.
Young e Freud discordaram em um ponto, para Young o “Édipo” é uma variante de uma manifestação arquetípica dos complexos, um caso particular, para Freud é o conceito que funda a especificidade dos humanos e suas relações mais importantes, ele sempre afirmou que os indivíduos se constituem de uma maneira única, de ordem sexual, que se manifesta de modo continuo.
Entendendo que a intuição é uma fala direta sobre a realidade, sem mediação necessária, segundo Freud, só com a emergência do complexo de Édipo é que as relações se farão discurso, pois é o discurso edípico que fundará tais relações como termos permutáveis, pois em Freud a intuição é desde sedo desejante, o corpo infantil inteiro é fonte de expressividade e ação, a necessidade da vida, a sexualidade é continua, mas dispersa, e o complexo de Édipo é descontinuo, as experiências sensíveis antecederiam o complexo de Édipo, mas se destinariam a constituí-lo.
Chaim Katz valoriza a dimensão do corpo na psicanálise, e afirma que ações corporais são manifestações de movimentos afetivos.
O autor conclui, que para constituir se o ser humano e fazer parte da vida social sob as restrições impostas pelo complexo de Édipo, é preciso, portanto, que dons naturais e da fortuna possuam um pouco de culpa e vergonha.

Glossário:


Complexo de Édipo: “O Complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo aposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. O complexo de Édipo aparece entre os 3 e aos 5 anos. Seu declínio marca a entrada num período chamado latência, e sua resolução após a puberdade concretiza-se num novo tipo de escolha de objeto.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.166)

Édipo: “A mitologia conta que Édipo, salvo da morte que o rei lhe queria dar, quando criança, cresceu na ignorância de quem eram seus pais. Numa encruzilhada, trucida um homem de idade cuja identidade ignora. Uma de suas proezas foi ter decifrado o enigma da esfinge, pelo que os cidadãos de Tebas lhe oferecem o trono da cidade e a mão da rainha viúva, a quem Édipo desposa, Jocasta. Quando vem a saber que o homem a quem matou na estrada era seu pai e que a rainha era sua mãe, Édipo cega-se a si mesmo.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p. 86)

Recalque: “Para Sigmund Freud, o recalque designa o processo que visa a manter no inconsciente todas as idéias e representações ligadas às pulsões e cuja realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do funcionamento psicológico do indivíduo, transformando-se em fonte de desprazer.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.647)

Ideal do eu: “Sigmund Freud utilizou essa expressão para designar o modelo de referência do eu, simultaneamente substituto do narcisismo perdido da infância e produto da identificação com as figuras parentais e seus substitutos sociais. No Brasil também se usa “ideal do ego”.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.362)

Inconsciente: “ Em psicanálise, o inconsciente é um lugar desconhecido pela consciência: “uma outra cena”. Na primeira tópica elaborada por Freud, trata-se de uma instância ou um sistema(Ics) constituído por conteúdos recalcados que escapam às outras instâncias, o pré-consciente e consciente(Pcs-Cs). Na segunda tópica, deixa de ser uma instância, passando a servir para qualificar o isso e, em grande parte, o eu e o supereu.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998,p.374). Para Sigmund Freud, “o inconsciente é a verdadeira realidade psíquica, em sua natureza mais íntima, é tão desconhecido de nós quanto a realidade do mundo externo e é tão incompletamente apresentado pelos dados da consciência quanto o mundo externo pelas comunicações de nossos órgãos sensoriais.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.153)

Incesto: “ Chama-se incesto a uma relação sexual, sem coerção nem violação, entre parentes consangüíneos ou afins adultos, no grau proibido pela lei que caracteriza cada sociedade: em geral, entre mãe e filho, pai e filha.” (Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise,1998, p.372)

Libido: “Termo psicanalítico usado em diferentes níveis, desde a energia do desejo sexual, passando por qualquer manifestação instintiva que tenda para a autoconservação da vida. Freud, viria, por fim, a aproximar-se bastante do conceito genérico de energia vital, defendido por Jung, que assim definiu a libido: “Designo por este termo a energia psíquica. Energia psíquica é a intensidade do processo psíquico, o seu valor psicológico. Considero a libido, portanto, não uma força mas um conceito para intensidades e valores psíquicos”.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.181)

Psicanálise: “Termo criado por Sigmund Freud para designar o seu método altamente especializado de psicoterapia intensa e extensa; e o seu sistema dinâmico de psicologia, baseado no estudo teórico das observações decorrentes da análise e investigação empírica das desordens de comportamento e de estrutura do caráter (sobretudo nas neuroses).” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.240)


Subjetivo: “O que somente existe em virtude de uma experiência psíquica ou mental da pessoa ou sujeito. O que é intrinsecamente inacessível à observação de mais de uma pessoa e caracteriza, portanto, a experiência exclusiva de uma pessoa.” (Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, p.302)

Referências:

Álvaro Cabral e Eva Nick, Dicionário Técnico de Psicologia, 12ª Edição.
Roundinesco e Plon,Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
NASIO, Juan Davis. O Prazer de Ler Freud. 1.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999

Um comentário:

  1. Não é exagero dizer que cada pessoa
    se define pelos vínculos que
    estabelece com coisas e pessoas.
    Nos relacionamos o tempo todo
    mesmo que não troquemos
    uma só palavra com alguém.

    Que 2011 seja pleno de realizações!

    Abraços,
    Paulo.

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